Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Correr na Cidade

Review: Merrell AllOut Rush

Como já vos tinha "falado", após alguns treinos com os Merrell AllOut Rush e ter ficado muito contente com o comportamento deles, decidi fazer o teste final no Louzan Trail no passado dia 21 Junho.

 

Tinha prometido a Review final dos ténis para a semana seguinte, mas confesso que não publiquei a mesma por falta de fotografias (bela desculpa, eu sei).

 

Os treinos que fiz com os  AllOut Rush antes do Louzan Trail foram inferiores a 3h, e sabia que nos 33Km ia demorar bastante mais, pelo que as dúvidas que tinha relativamente aos ténis era se ao fim de 4/5h os pés estariam massacrados e se os ténis se adaptariam a todos os terrenos por onde íamos passar, sobretudo nas partes mais molhadas.

 

No teste final no Louzan Trail os Merrell AllOut Rush passaram com distinção. Passaram por ribeiros onde mergulharam e secaram rapidamente, durante toda a prova mantiveram o conforto, e que conforto, sem qualquer ameaça de bolhas, a aderência aos vários tipos de terreno foi fantástica, apenas escorreguei duas vezes a descer em caruma molhada com raizes, o que me valeu umas belas quedas cómicas, mas mais por azelhice do que por culpa dos ténis.

Já os usei mais vezes, fiz um treino longo em Sintra, numa manhã completamente encharcada, sem qualquer problema, e de treino para treino ganho ainda mais confiança nos ténis e sinto que posso arriscar sempre mais, sobretudo a descer, que os ténis respondem à altura.

 

Embora sendo esta uma review, e não uma ode aos Merrell AllOut Rush, a quem, como eu, está a dar os primeiros passos na sua evolução em trail, penso que o importante é conhecer o comportamento de um modelo que desconhecemos, e para mim os pontos mais fundamentais nuns ténis de trail, são o conforto e a aderência, e são estes os principais pontos que vos falo nesta conclusão final da minha experiência de utilização dos AllOut Rush.

 

Sendo uns ténis de filosofia barefoot (passada natural) à qual a Merrel aderiu nesta coleção dedicada a trail, com um drop de 6mm, este modelo específico adapta-se a quem, como eu, ainda não tem a técnica de passada perfeita, tendo um pouco mais de suporte que outros modelos, e posso afirmar que no meu caso, me têm ajudado a melhorar esta técnica, o que trás claros benefícios para evitar lesões futuras.

 

Para o bom conforto que já falei contribui o tecido em que são feitos, a excelente caixa para os dedos, o sistema de atacadores que abraça o pé e permite o ajuste perfeito, além dos reforços existentes que protegem o pé quando existem embates mais fortes em ramos ou pedras. Na construção apenas gostava que a língua fosse um pouco mais comprida para melhor ajuste no peito do pé. A camada intermédia Uni-Fly entre o pé e a sola permite um conforto adicional pelo bom amortecimento que fornece, mantendo a leveza, são uns ténis bastante leves.

 

A sola usa a tecnologia M-Select Grip, com áreas distintas onde se destacam os ressaltos redondos de 5mm multi-direcionais que propocionam uma aderência fantástica em todo o tipo de terreno que experimentei, e foram vários.

Concluindo, a avaliação que faria após o Louzan Trail é a mesma que faço agora, os Merrell AllOut Rush são excelentes a TODOS os níveis, alertando desde já que é a minha experiência pessoal de utilização dos ténis, dado que a minha base de comparação é ainda muito diminuta e não tenho conhecimentos técnicos suficientes para avaliar ao pormenor cada detalhe dos mesmos.

 

Pontos positivos:

- Leves

- Confortáveis

- Boa adêrencia

 

Pontos negativos

- Difícil de indicar pontos negativos no meu caso, mas são claramente uns ténis de trail para quem quer correr cada vez mais de forma natural, prescindindo um pouco de algum amortecimento, o contacto com o solo e o relevo é muito mais direto do que outros modelos de outras marcas com mais amortecimento, não sendo um ponto negativo, achei inclusive que esta caracteristica me tem permitido evoluir tecnicamente, é uma chamada de atenção para quem também está a começar e gosta de pantufas fofinhas.

Vem treinar connosco!

Queres treinar com a crew do Correr na Cidade? Sim? Então, basta apareceres nos nossos treinos!

A partir de agora, no menú acima tens um novo tab "Treina Connosco" onde podes consultar o nosso calendário de treinos para as próximas semanas. Os nossos treinos são sempre diferentes e com tipologias de treino díspares: de city trail a corrida em estrada junto ao rio Tejo, de trail running a longões (20K), de soft trail no Jamor a trilhos mais duros em Monsanto.

 

Para além disso, muitas das vezes temos convidados especiais. Corredores amigos que desenham percursos de próposito para os nossos treinos.  

 

Os treinos são gratuitos e são guiados pelos membros do Correr na Cidade. Contudo, são feitos em total autonomia, sem seguro e cada participante é responsável pela sua integridade física. Mas, mais importante de tudo, quem vier que venha para se divertir e superar.

 

Próximo treino:

 

Dia 24 de julho (5ª feira)

Ponto de Encontro: Praça de Espanha (junto às paragens da rodoviária)
Hora do encontro:18:45

Hora da partida:19:00

Percurso: Da Pç de Espanha à Graça, Rossio e regresso ao local de partida

Tipologia do treino: City Trail

Ritmo: Ninguém fica para trás!

 

Confirmações de presenças e esclarecimento de dúvidas aqui.

Race Report: À conquista do Douro (e Paiva, claro)

Por Stefan Pequito

 

O Pedro Tomás Luiz, o Tiago Portugal e eu já andávamos há algum tempo a namorar esta prova, o Ultra Trail Douro e Paiva (UTDP). Correr naquelas zonas foi, e é, um sonho. Como alguns leitores já sabem tive azar no Louzan Trail e fiz uma entorse no pé esquerdo. Logo após a lesão vi com algum perigo a minha participação no UTDP. A recuperação demorou cerca de três semanas.

 

1 semana e meia a curar, a fortalecer e a desinchar. Tive a sorte de ter conhecido o Doutor Carlos Coelho, no Camp do Armando Teixeira, para além de osteopata é ultra maratonista e sabe bem reconhecer as queixas dos atletas. Deu-me uma grande ajuda (enorme mesmo) na minha recuperação. Com uma semana e meia de treino mais à seria tive a perfeita noção que não foi o suficiente para estar bem preparado para o UTDP, mas arrisquei. No sábado, dia 12 de Junho, arrancamos para o Douro, cada um de nós(eu, Pedro e Tiago) com um objetivo diferente.

 

O meu era  tentar ficar nos vinte primeiros lugares e fazer a distância em nove horas, no máximo. A viagem para o Douro fez-se bem e ao chegar a Paiva vimos logo as “barraquinhas” com as lojas, mas como chegámos uns minutos mais tarde já não conseguimos levantar os dorsais, mas não houve stress. Eu e o Pedro encontrámos muito pessoal conhecido, desde o João Borges, Paulo Tavares entre outros. Jantámos os 3 com o João e bem, um belo bife com massa, comida de atleta, LOL. Depois descontraímos um pouco a ver o jogo do Brasil com a Holanda e lá fomos dormir no solo duro do pavilhão desportivo da escola local.

 

Resumindo, eu só dormi 1 hora pois às 3.30 da manha já estava de pé a tomar um banho e a preparar-me. Tomamos o pequeno-almoço e arrancamos para ir apanhar o autocarro que nos levaria até à partida. Até aqui estava tudo bem para a 1º edição, tudo bem organizado, estava a gostar bastante.

 

Chegamos à partida e esperamos pelas 6 da manhã para arrancamos. Deu-se a partida e tentei logo arrancar forte e manter-me perto dos cinco primeiros, o que consegui até ao 3º km, e aí deparei-me que não havia fitas... estranhei ainda gritei para a frente para os outros cinco mas eles não ouviram e voltei para trás a avisar que não havia fitas, aí começou a 1º confusão.

 

Alguém tinha mexido nas fitas e aquilo tornou-se um pandemónio. Perdeu-se muito tempo, quando dei por mim estava quase em último e tinha apenas umas 10 pessoas atrás de mim. Tinha passado de 5º para a cauda da corrida. Fiquei algo chateado na altura pois tinha muito para recuperar como muitos que seguiam atrás de mim. Ainda por cima a seguir passamos por um single track, lindo sem duvida, mas que não dava para ultrapassar ninguém. Só quando “abriu” um pouco é que tive de aproveitar e gastar muita energia para ultrapassar quase 100 pessoas ou mais.

Fui seguindo até que me deparei com outra situação estranha, entre o km 10 e o 15 uma seta no chão mas com o percurso fechado com uma fita. Como havia fitas em outra direcção segui. Ao chegar ao “meu” km 22 deparei-me com o André Rodrigues chateado e não percebi o que se estava a passar até chegar ao ponto de abastecimento, o que era estranho pois não estava assinalado abastecimento naquele km no meu mapa.

 

Disseram que estava no km 30 que tinha havido asneira lá atrás, alguém tinha fechado o percurso por onde tínhamos de passar, e mandado todos para o percurso do trail de 30km... Aí percebi o porquê do André estar chateado, até eu que fiz menos 7km fiqueii, já era o 2ª erro na prova, o que desmoraliza.

 

Além dos erros os meus Asics Fuji Elite não estavam a ajudar em nada. Arranjei “boleia” do José Figueiredo que me fez companhia até ter “apetite” de arrancar novamente e lá fui eu... Um pouco mais à frente.... perdi as fitas novamente e fui parar ao início de uma subida que já tinha feito. Toca a voltar para trás e andar à procura das fitas. Eu e mais uns cinco corredores conseguimos encontrar as fitas e arrancámos, tendo novamente de acelarar para recuperar posições. Voltei a encontrar o José e “desliguei” um pouco da prova e fui a conviver um pouco.

Ainda tivemos a companhia do Paulo Nogueira durante um pouco mas como estámos bem tentámos subir algumas posições. Depois dos 45 Kms ficou muito calor e faltou-me água, armei-me em esperto e arrisquei. Ia-me tramando, depois do km 40 foi sempre a subir perto de D+1000, sempre ao sol e com cerca de 30 graus. Perto dos 50km tivemos o último abastecimento onde até havia cervejas, que não bebi por opção. Arrancámos a pensar que eram 8 km sempre a descer.

 

Fomos “enganados”. Descemos pouco mais de 1 km depois subimos mais de 3Km,  numa altura onde já tinha duas bolhas nos dois dedos mindinhos, a sapatilha não estava a escoar a água bem, para além de não aderir a nada. Com o calor, cada ribeiro que passávamos molhámos a cabeça, eram já 15h da tarde e estava mesmo muito calor.

 

Quase a chegar ao fim, entrámos numa área de floresta linda de morrer quase sempre a descer, e aproveitei para "soltar os travões" até à meta.

 

Foram cerca de 3 km sempre a abrir até ao fim. Cortei a meta com 9 horas e 2 minutos, em 20º da geral e 10º da categoria mas com um sentimento de tristeza pela prova não ter corrido a 100%, pelos enganos da organização, pelas pessoas que arrancaram fitas e as colocaram em outros sítio, o que é muito triste, e por causa dos problemas com as sapatilhas da Asics que não são boas para provas longas e com água, têm alguma falta de estabilidade, como comprovei com outros corredores.

 

Mais tarde soube que o Pedro (Tomás Luiz) tinha contraído uma lesão aos 40km e  teve de abandonar a provar no abastecimento dos 50Km, fiquei triste pois sabia o quanto ele se tinha preparado para esta prova.

 

O Tiago acabou aos 40km, mais 10km do objectivo dele pois está a treinar para o Ultra Trail da Serra Nevada e não quis abusar.

 

Resumindo, a prova é Brutal em termos de localização, a organização é boa mas tem um longo caminho a percorrer para melhorar alguns aspectos, sobretudo nas marcações do caminho - não querendo ofender ninguém da organização. Por exemplo, o André  Oliveira andou sempre preocupado a tentar emendar o que se tinha passado, nem tudo foi mau.

 

Fica um conselho: fitas amarelas são difíceis de ver e ajuda aos enganos.

 

Para esta altura do ano o calor foi tramado, eu aguento bem, mas acredito que houve gente que não tenha gostado.

 

Se tiver oportunidade, voltarei em 2015.